Um pouco sobre o Pachinko! O cassino japonês!



Diversão barata, fácil e cativante, que movimenta lucros como de montadoras automobilísticas, na casa dos ¥18 trilhões anuais pachinko é uma mania no Japão. E sem exagero, pode-se afirmar que faz parte da cultura do país. Sem distinção de idade e sexo, qualquer pessoa está apta a jogá-lo. Até porque, o pachinko é muito simples de manusear, pois basta controlar a velocidade das pequenas bolas de aço lançadas na
máquina. E o melhor: ter a chance de duplicar ou triplicar seu dinheiro em poucas horas sentado em frente à máquina. Como todo jogo de azar, os usuários correm riscos de grandes perdas de dinheiro. Há quem chega a desembolsar todo o salário de um mês de trabalho em apenas um dia de jogo. Mas, vale o risco para sentir a emoção da “máquina abrir” – gíria dos patinqueiros, que significa vencer o pachinko. Quando a “máquina abre” disparam-se luzes e sons chamativos do equipamento, o suficiente para atrair a atenção dos jogadores ao redor e inflar o ego do “vencedor”. Ele certamente retornará no dia seguinte. Mas talvez ele não saiba que a sorte não é uma conquista eterna. Após a vitória, inicia-se um “ritual” para a retirada do prêmio. No Japão é proibida a operação de dinheiro dentro de um estabelecimento. Mas isso não impede a entrega do prêmio. O pagamento é realizado, mas de forma camuflada. Primeiramente, o contemplado leva as bolinhas para um equipamento que faz a contagem de pontos e emite um tíquete. Com isso, ele troca por “prêmios”, que são objetos quaisquer com valores correspondentes a ienes. Depois vai até uma pequena janela do lado de fora do estabelecimento, onde entrega os “prêmios” para finalmente retirar o dinheiro vivo. BRINQUEDO DE FAZER DINHEIRO Ingênuo e tentador, esse popular passatempo japonês já foi um inocente brinquedo de criança, antes de virar um jogo de azar. O pachinko é uma adaptação do Corinthian Game, um jogo inventado e jogado nos Estados Unidos na década de 20. O jogo consistia num tabuleiro de madeira com buracos e pinos de metal pregados, que dificultavam a queda das bolinhas de metal nos orifícios. Com o passar do tempo, a diversão infantil sofreu modificações e se transformou num “brinquedo” de adulto.

Anos depois, o Corinthian Game cruzou oceanos e aportou em Osaka, em meados de 1924. O Korinto Geemu, como era chamado pelos japoneses, se tornou rapidamente uma febre nacional, que desde aquela época era comandada pela Yakuza (máfia japonesa).



Aos poucos os jogadores o apelidaram de pachi-pachi, por causa do som das bolas, batendo uma nas outras, e mais tarde o jogo recebeu o nome de pachinko. Na década de 80, a máquina recebeu uma tecnologia computadorizada, ganhando designer e desempenho sofisticados e atraentes. ESCRAVOS DO PACHINKO Fácil de jogar e capaz de transformar trocados em uma pequena fortuna em poucas horas. Esses são os artifícios que fazem do pachinko um jogo fascinante para seus usuários.
O japonês A. I. (*), de 22 anos, é um pachipuro (profissional do pachinko), que joga e vive do pachinko há seis anos. Sem trabalho fixo e frequentando a faculdade algumas vezes, o jovem passa a maior parte do tempo na casa de jogos. “Vou para a casa dos meus pais apenas para tomar banho e trocar de roupa”, conta o viciado em pachinko que está acostumado a dormir no carro, que fica no estacionamento do salão onde é freguês assíduo. Seu estilo de vida não incomoda a família. “Meus pais não falam nada, pois já sou maior de idade”, explica o japonês. Ele já chegou a perder ¥ 110 mil num dia de jogo. “Mas já ganhei ¥ 200 mil de uma vez”, retruca orgulhoso. O vício do pachinko não fica restrito somente aos nipônicos. Muitos estrangeiros se enfeitiçam pelo jogo, que é encarado como uma outra fonte de renda. “Uma vez tirei ¥ 280 mil, jogando das 9h às 19h, conta o paulista P.H.O., 24. Ele mora no arquipélago há seis anos e há três, frequenta pachinkos de Aichi. “O pachinko é uma diversão. Tenho amizades com outros jogadores japoneses e comemoramos quando alguém “abre a máquina”. Quem ganha paga o jantar, mas quando todos perdem, ‘rachamos’ a conta. A casa de pachinko virou um clube pra mim”, relata o jovem. O brasileiro admite que o jogo é um vício. Largar o pachinko não é uma tarefa fácil. “Hoje vou jogar pachinko de vez em quando, pois tomei muitos ‘tombos’ (perda de dinheiro). A máquina já me tomou ¥ 130 mil de uma só vez”, lembra. Entre perdas e ganhos, P.H.O. calcula que teve mais prejuízos do que lucro. “Pachinko não dá futuro pra ninguém.” “ABRINDO A MÁQUINA” Sorte e uma pitada de experiência são ingredientes importantes para obter o sucesso desejado no pachinko. Não é por acaso que a ‘máquina abre’ ou suga o dinheiro do cliente. “A prática no jogo ajuda a perder menos dinheiro, pois o que vale é a sorte de pegar uma máquina programada para ganhar”, explica o paulistano F.T., 27, que trabalhou seis meses numa casa de pachinko em Kasugai (Aichi). Ele conta que após o expediente, as máquinas são alteradas. “Os técnicos abrem os equipamentos e mudam os moldes que sustentam os pinos de metal, para dificultar as bolinhas de aço caírem nos orifícios que valem pontos. Ou seja, as máquinas que deram prêmios hoje não vão ‘abrir’ no dia seguinte”, revela o ex-funcionário, que atualmente trabalha por conta própria na região de Gifu. “Não sinto saudades do pachinko, pois o trabalho era muito estressante por causa do barulho, da fumaça de cigarro e ter de aturar grosserias de clientes que perdiam todo o seu dinheiro no jogo”, desabafa. SOCIEDADE NÃO DISCRIMINA O VÍCIO “O jogo se torna uma válvula de escape dos problemas. Às vezes, a pessoa pode ter a sorte de ganhar dinheiro e isso acaba sustentando a ilusão de que o pachinko é uma forma de concretizar um sonho rapidamente e sem depender de ninguém”, analisa a psicóloga Neusa Emiko Miyata, diretora-executiva e orientadora do Disque Saúde. “Atendemos muitos casos de familiares de viciados em jogos, que sofrem com as consequências do vício do parente. Quem joga tem a ilusão de enriquecer de forma relâmpago”, conta Neusa. Outro aspecto relevante apontado pela psicóloga é a aceitação dos jogos de azar pela sociedade japonesa. “Não existe discriminação contra os jogos de azar. Eles são vistos como uma diversão qualquer”, finaliza.

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